segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poema Para um Amante das Palavras e do Seu Poder de Sedução (Éderson da Silveira)

Esta história eu não inventei
apenas ouvi soprar
de um vento que vinha de leve...

Falou-me num sussuro
de algumas pesoas encantadas
que antes eram iguais
a todas as outras pessoas

Até que um dia
estando este a soprar
convidou-as a descobrir um mundo novo
E mostrou as mesmas ruas
os mesmos caminhos
e as pegadas de sempre
e já não eram os mesmos...

Mostrou-lhes que eram apenas cacos
pequenos pedaços cristalizados
em profundo ócio de si
Provocou-as para que se juntassem
a outros cacos e outros vazios

e então o grande conjunto
dos que antes eram incompletos
deu forma e contornos à uma nova figura

E de todos os lados os ventos sopraram
trazendo cada qual um pedaço de longe
que vinha de manso somar-se aos outros

E ao final de tudo
não resta desfecho
apenas leves reticências
de cacos contagiando outros pedaços

e aos poucos, ao sabor de desafios
encontram caminhos a trilhar
e semeam estrelas em meio à penumbra
e á lu z de uma vela
desbravam selvas nos interiores do bando

Afinal de contas cada um faz parte
de um grande mosaico
construído pelos ventos do Sul
desafiando espalhar-se aos quatro cantos
e timidamente observa o primeiro pássaro
ao céu a voar e lembrar ao vento
as palavras de um poeta e amigos desbravadores...

2 comentários:

Matheus Bandeira de Carvalho disse...

Inteligente, coerente, sábio e sucinto. Bonito e explícito. Enfim, gostei muito.

Éderson L.S. disse...

...e simples, como a vida tem que ser, minha homenagem a um amigo que, se as palavras são nossas irmãs, ora elas têm de nos aproximar ao unir expressões para desfigurar a realidade... (e chega de vírgulas rssrs)