terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bons Velhos Tempos!

Estava na Internet tentando entreter-me com alguma coisa, afinal, não queria estudar, apesar das provas da faculdade estarem próximas. Então, resolvi visitar o perfil, no Orkut, de uma velha amiga minha. Amiga esta de infância. Entrando no Orkut dela, percebi que aquela velha amiga de boas risadas e de mates longos e amargos aos finais de tarde tinha se casado. Pronto! Foi só o começo de uma tristeza profunda e repentina. Não, eu não sou apaixonado por ela. Fiquei triste porque percebi que o tempo não passa... Ele voa!

Fiquei feliz pela minha amiga. Está casada com um jovem do quartel que parece ser legal e gentil com ela, pois nas fotos os dois aparecem abraçados e trocando carícias. Está morando numa casa boa, um sobrado muito bonito e que, por foto, aparenta ser grande. Que bom! Fiquei muito contente por ela estar bem, pois a minha amiga merece.

Então, vendo as fotos e, como já disse, a dona do perfil que estava vasculhando é uma amiga de infância, passou um filme de lembranças na minha cabeça. Lembrei de várias coisas que aconteceram quando meus amigos e eu estudávamos juntos no ensino médio da mesma escola. Expulsões da sala de aula. Limpezas do pátio da escola como forma de se desculpar pela bagunça, enfim, tudo aquilo de bom que fizemos e que, se voltasse o tempo, faríamos novamente.

Lembrei de uma vez que esta minha amiga que falo foi expulsa da sala de aula porque saiu sem avisar. Foi muito engraçado! Os meus colegas faziam o que queriam com aquela professora. Quando digo os meus colegas estou no meio da bagunça também. A professora que não vou citar o nome – coitadinha - passava a matéria no quadro negro (que de negro não tinha nada, pois era verde) e quando se virava, a metade da aula tinha saído. Foi quando ela explodiu e começou a xingar todo mundo. Eu, como de costume, sentava no fundão da aula e vi tudo de camarote, pois quem senta no fundo tem a visão privilegiada.

A professora estava gritando com a maioria dos meus colegas e a minha amiga, educadamente, chegou na frente dela e disse que iria ao banheiro. Ok! Lá foi ela ao banheiro fazer suas necessidades. Quando voltou restavam apenas dez colegas na sala, pois a professora estava enlouquecida e tinha mandado todo mundo para a secretaria, então, ela entrou e foi sentar na sua cadeira, silenciosamente. (É bom lembrar que a professora ainda estava “batendo boca”) Indignada ela perguntou à minha amiga: _Fulana, quem te deu permissão para sair da sala? Para fora tu, também. Vá falar com o diretor! Olhei para minha amiga que estava surpresa, pois havia pedido para ir ao banheiro, e sua cara era, realmente, de espanto.

Foi quando levantei-me para defender minha amiga e falei o que bem pensei para a professora. Disse que ela era uma irresponsável por deixar todo mundo fazer o que queria na sala de aula. Que, por ser esposa do diretor, deveria dar exemplo. Que a minha amiga tinha pedido para sair e que, como estava aos berros gritando feito uma louca não escutou. Quando eu disse isso, ela olhou para mim e pensei que ia me fuzilar. Foi um olhar que nunca vou esquecer. Olhos pretos e pequenos, sobrancelha baixa, mostrando como era forte a sua raiva. Então, ela me olhou e disse: _ E tu, Matheus, por ser líder da turma deveria dar exemplo e respeitar os professores. Para fora tu, também. Pronto! A “cagada” estava feita. Meti-me no “rolo” para defender uma amiga e acabei deixando ela dentro da sala de aula e eu é que fui assinar ocorrência. Sim, ela se deu bem e se fez de louca, acho. Sentou-se na sua cadeira, baixou a cabeça e ficou bem quietinha. A professora nem a viu.

Olhando os álbuns, no Orkut, desta amiga que falo me deu saudade dos tempos em que podíamos aprontar umas destas. Podíamos nos reunir na casa de um amigo, enquanto seus pais trabalhavam, para fumar cigarros escondidos. Tomar chimarrão à tarde, na casa de um amigo, o qual considero como um irmão (com este não perdi o contato), e que morava na frente da minha casa, era sagrado. Ando com saudade dos tempos de colégio. Não estou reclamando do tempo de agora, o da faculdade. Só estou dizendo que era muito bom o tempo em que nos reuníamos nas casas dos outros para jogar o papo pro ar de tarde, aliás, cedo da tarde. Coisa que hoje não podemos fazer mais. Motivos: não estamos mais juntos. Um amigo está numa cidade o outro em outra cidade e o outro em outra e um ou dois ficaram na cidade em que deu origem à nossa amizade. E, também, que agora além da faculdade, trabalhamos. O que torna mais difícil a convivência com amigos pela tarde. A não ser, claro, aos finais de semana.

Lembrei de várias coisas. Várias cenas vieram à tona na minha mente e não consegui segurar o choro. Chorei muito. Como há uns bons meses não chorava. Um dos motivos foi a lembrança do nosso pacto. Nunca deixaríamos de nos falar. Ah, que tolice a nossa que não conhecíamos a vida quando fizemos este pacto. Quando vi que a coisa foi profunda fui até o quarto de minha mãe e pedi que fosse ao meu quarto. Desabei. Chorei no ombro dela sem me preocupar com a camiseta que a mesma usava, que estava ficando ensopada das lágrimas que caiam. Contei o motivo do choro e ela chorou junto. Disse que também sente saudade dos tempos de colégio e da faculdade. Isso é normal, dizia, tentando consolar-me. Fiquei um pouco mais calmo e comecei a escrever alguma coisa sobre isto. Em seguida, entra o meu pai no quarto. Comecei a chorar de novo. Primeiro perguntou o motivo do choro. Expliquei tudo de novo, mais detalhadamente. E ele começou a falar. Falou, falou, falou. Acalmou-me. Confortou-me. Consolou-me. Adorei aquele momento. Depois, xingou-me. Disse que deveria te-lo chamado antes de sua mãe e que deveria confiar mais nele. Confio nele, mas parece que minha mãe tem mais sensibilidade. Amo os dois. Devo corrigir isso e passar a conversar mais com meu pai.

Os dois, tanto a mãe como o pai, falaram a mesma coisa. O meu pai de uma maneira mais delicada, apesar de não ser tão delicado. Minha mãe falou de uma maneira mais “jornalística” como, por exemplo: morre fulano de tal. Ou seja, à queima roupa. O que eles disseram? Que tudo são fases! Daqui a pouco não vou mias manter contato nem com meus amigos de Rio Grande, cidade onde resido, atualmente. Que a vida nos leva a caminhos inesperados e que a rotina que queríamos ter nem sempre é a que seguimos diariamente. Aí fu...! Se, já estava triste por não manter mais contato com alguns amigos de infância, receber a notícia que mais tarde não vou manter contato mais com os amigos de Rio Grande, foi um chute no local mais sensível dos homens. Pô, então quer dizer que vou ficar com saudade ao quadrado daqui mais um tempo? Sim, pois, dos meus amigos de infância e dos meus amigos de faculdade! Vou ter de ir a um psicólogo desde já. (risos).

Escrevendo um pouco melhorei da tristeza. Acho que o “ensinamento” dos meus pais, apesar de ser chocante, me tranqüilizou. Não sei como! Não carrego arrependimentos do que fiz, quando mais novo, em Rosário do Sul, cidade onde conquistei os amigos dos quais falo. Pelo contrário, alegro-me de ter feito as bobagens que fiz, as burradas que fiz e os erros graves que cometi. Aprendi com eles. Também, agradeço por ter feito coisas boas. A maioria foi coisa boa, mesmo. Mas, a questão não é arrependimento! É saudade! Ô coisinha que dói no peito, não é!? Tem coisa que dói mais? Não estou falando fisicamente.

É, mas a vida é assim, como dizem meus pais. A vida é feita de fases. Que coisa horrível e dolorida essa vida de fases. Então, concluo que o negócio é não perder o contato com os amigos. Todos eles! Os de infância, os da faculdade, os do trabalho, os do clube, enfim. Pois, se a cada fase os amigos mudam, cada vez teremos mais amigos. Por isso, melhor para nós. Porém, a convivência diária ou quase diária com uns não haverá mais e é disto que estou falando. Das risadas, dos deboches, dos porres, dos cigarros escondidos, das piadinhas sem graça, das gírias, enfim. Falo destas coisas. Falo da saudade e da amizade.

3 comentários:

Unknown disse...

TTU.....................
adorei o texto...muito lindo mesmo....
bah sabe né que mesmo com toda essa distancia e o tempo que passa jamais vamos deixar de sermos amigos..
te adoru de coração mesmo......
Deizy......(toby)hehehehe

Anônimo disse...

Pow... Vc me fez chorar...
Eu Sou filho de marinheiro, então eu vivo mudando de estado e sei muito Bem o que é sentir saudades...
Eu sou Do Rio de Janeiro e já vai fazer 2 anos sem ver o pessoal de lá... Eu nasci lá e vim pra cá(Rio Grande) em seguida e fiquei ateh aos meus 3 anos... e depois Fui pro Paraná... e com 7 anos voltei pro RJ onde passei minha infância e uma parte da minha adolescencia... pois com 14 vim novamente pra Rio grande deixando muitos amigos... que raramente consigo entrar em contato...
Já Fico triste em saber que um dia irei sair daqui novamente e ir para um lugar desconheçido...

Matheus Bandeira de Carvalho disse...

É, Ygor. Infelizmente, será assim. Mas, apesar disso, não podemos desanimar.

Forte abraço !

;)