domingo, 4 de julho de 2010

Vinícius de Moraes: saudade!


Dia 09 de Julho de 2010 o Brasil inteiro deve cantar "Onde Anda Você". Dia nove estaremos completando trinta anos de saudade do "poetinha", como gostava de ser chamado, Vinícius de Moraes. Sua vida profissional como diplomata no Uruguai era atribulada nos bares e nas madrugadas quentes dos bairros cariocas. Logo, simplesmente, foi ser feliz. Sua música cheia de gingado tipicamente brasileiro marcou a musicalidade do nosso país na década de 1960. Iniciava um grande movimento jamais visto: a Bossa Nova.

Um sambinha rasgado e uma melancolia quase que disfarçada por um gole de cerveja. É assim que conceituo a Bossa Nova. Um dos mentores desse movimento, Vinícius, boêmio, antes de mais nada, casou inúmeras vezes. Com diversos casos amorosos no currículo, um amante da vida e de um bom uísque, o poetinha nos deu a chance de pensar na vida, com suas letras cheias de aprendizado.

Vinícius cantou com diversas pessoas, mas sua parceria de maior sucesso foi com Tom Jobim. Amigos inseparáveis, viram em uma mulher, uma, apenas, todas as mulheres brasileiras e dela nasceu a música mais famosa do Brasil, gravada por Frank Sinatra: Garota de Ipanema. A garota? Ninguém mais, ninguém menos que Helô Pinheiro. Uma mulher linda e cheia de charme, imortalizada, também, junto com a melodia deste samba, famoso por cultuar a mulher brasileira.

Ninguém mais conseguia transformar o seu show em um parque de diversões como Vinícius de Moraes. Mas como sei disso se tenho apenas vinte e dois anos? Eu tenho DVD! (risos). Ele era simples. Um cara inteligente, culto, de sangue branco com uma mistura negra por amor e apego. Sempre usava expressões e palavras da religião da Umbanda em seus espetáculos. "Saravá", Tom Jobim. Era assim que ele venerava a existência das pessoas mais queridas.

Formado em Letras na universidade e em música desde criança, Vinícius nos deixou uma vasta, uma imensa, uma gigantesca herança. A primeira é que sem amor, sem paixão, sem tesão por alguém, não podemos ser ninguém. Amante inveterado, o poeta casou-se nove vezes. Sua primeira filha nasceu em 1940. A segunda é que não adianta sermos tristes. E, dentre tantas outras, a terceira: devemos amar a vida e o resto é somente o resto.

Trinta anos e suas letras, frases e poemas ainda são lembrados por todos os bons brasileiros que amam a inteligência, a cultura, a intelectualidade, o romantismo. Seu vocabulário sem pudor nos traz a força do amor e da paixão à tona. Nos faz ver o quão romântico ele era.

Vinícius nos força o pensamento de que as melhores coisas são aquelas mais simples. Sentar na praia à beira do mar com um amigo. Beber um pouco e contar dos nossos planos. Simplesmente conversar e deixar o sol cair, enquanto a cidade fria e cheia de stress corre. Tarde em Itapuã nos traz a idéia ideal de um dia perfeito. Tantas outras músicas.

Com seu cigarro e o seu peculiar copo de uísque na mão, Vinícius de Moraes cantou e encantou a todos com sua simplicidade e a sua capacidade de falar tão abertamente sobre o amor, da forma mais simples, mais honesta, mais humana, mais forte. Trinta anos sem a sensatez do boêmio, cantor, poeta, escritor, amigo, amante, diplomata (que na verdade nem foi) Vinícius.

"E por falar em saudade, onde anda você? Onde andam seus olhos que a gente não vê?"

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