terça-feira, 10 de março de 2009

The Last King Of Scotland


Ontem, pela madrugada, assisti a um filme que tinha muita vontade há um bom tempo. Digamos que estava esperando o momento certo para assisti-lo. O filme: The Last King Of Scotland (O último Rei da Escócia). Uma trama muito interessante e misteriosa. O filme prende a atenção dos espectadores por vários aspectos. Três deles: A fotografia do filme é uma das mais bonitas que já vi do cinema americano. Outro é a atuação do ator que não lembro o nome, mas que interpretou o temido Idi Amin, presidente ditador, que matou cerca de 300 mil ugandenses em seu regime dizia que era para o bem da nação. Lembro que o referido ator que não lembro o nome ganhou o Oscar por esse filme. O outro e último aspecto a ser levado em consideração é a capacidade de uma pessoa ser tão doente e infantil a ponto de matar pessoas, aniquilar vidas, arrasar famílias e sonhos individuais dos cidadãos e também sonhos coletivos crer de certa maneira que está tudo bem. Acreditar, mais ou menos, igual a Bob Marley cantando “No Woman no cry”!

Então, emocionado com a fotografia, com a interpretação do cara e indignado com o genocídio, resolvi escrever algo que me deixou de boca aberta. Estava um amigo meu e eu em plena Avenida Rio Grande, no Cassino, bairro onde moro em Ro Grande. Os dois meio embriagados, pois era a última noite do carnaval, se dirigiam a uma lancheria para matar a fome que, peculiarmente, se atreve a aparecer depois de horas de festa. No meio do caminho ouvimos um guri (mais ou menos 24 anos de idade, morno e não aparentava ser de estatura alta), de bicicleta, gritou “porco” – lembro que neste exato momento meu amigo e eu passamos a prestar atenção no que estava acontecendo – e quando o guri gritou, o mesmo saiu correndo de bicicleta e atrás dele, buscando possuí-lo, três policiais militares estaduais, ou seja, os brigadianos.

A cena que vimos segundos depois desta que narrei foi violenta e totalmente desnecessária. Os brigadianos conseguiram pegar o cara, o derrubaram, chutaram o mesmo, agrediram o guri na cara, chutaram o mesmo enquanto ele ainda estava no chão, ou seja, uma total covardia – um abuso grosseiro de poder por parte da polícia. Quem estava na avenida, ali por perto, viu a cena e com certeza ficou chocado - assim como eu. Qual será o verdadeiro motivo para os brigadianos ficarem com tanta raiva quando chamados de porcos? Qual o motivo de se ofenderem com este “adjetivo”? acredito que só nos ofendemos quando alguém coloca apelidos que realmente nos cabe. Por exemplo: não me ofenderia se alguém m chamasse de corno, safado, sem vergonha e até mesmo porco, pois esses adjetivos não fazem parte do meu caráter, da minha pessoa e quanto aos outros, sinceramente, eu não me importo com o que pensam com o que deixam de pensar.

Penso num motivo para que os brigadianos se ofendam com o adjetivo de porcos. Juro que penso! Porém, não consigo encontrar uma conclusão ao menos plausível. Gostaria que algum deles – dos brigadianos – me explicassem. Além do mais, coitadinhos dos porcos!!! Eles só servem para nos alimentar, pois só comem, defecam, dormem e morrem. Para quê “mexer” com quem está, praticamente, esperando a morte chegar? Falando nisso, deve ser boa a vida de porco. Ora, eles nascem, comem, comem comem, engordam, engordam, engordam e depois de certa idade morrem. Ou seja, não precisam trabalhar para ter o que comer, pois tem sempre alguém preocupados com a alimentação deles. Também, não precisam constituir família. Também, não reclamam, mesmo sabendo – ou não – que vão morrer. Acredito, até, que os porcos vivem muito melhor que nós e até mesmo que os próprios brigadianos.

Então, comparando: Idi Amin matou por amor a pátria, por amor à Uganda - país africano e os policiais daqui de Rio Grande bateram por puro amor próprio. Sinceramente, creio que as histórias são parecidas, não? O ego dos caras, tanto do Amin, quanto dos brigadianos estão super elevados - no caso do Amin estava elevado, pois o mesmo morreu em 2003. Creio que é um negócio mais ou menos assim: “não mexe comigo se não vais te ‘ferrar’”. O que é uma pena, porque o presidente da república é o homem que mais deve zelar pelo seu país e a polícia militar deve dar segurança ao povo e não ater-se em casos minúsculos e nem – quase – arrebentar alguém porque esse alguém adjetivou a polícia - tão capaz, tão honesta – de porcos. Afinal, porcos são bons. Eu, particularmente, gosto muito da carne suína.

É uma pena que tenha encerrado o meu carnaval com esta cena deplorável e recém narrada, pois a magia colorida e alegre do carnaval virou a esquina, dobrou na próxima rua, e deu lugar à crueldade e a irracionalidade de pessoas que pensam primeiramente nos seus quepes e fardas para depois olhar para o lado e pensar no próximo ou se quer nas conseqüências que os seus atos irão trazer à sociedade. Estou indignado com a brutalidade de como aquele menino foi tratado. Espero não ouvir mais os barulhos de cacetadas nas costas qu o mesmo levava e nem dos tapas, pois abuso de poder – como este – tem limite e, se queremos uma sociedade justa e livre de qualquer preconceitos devemos, no mínimo, pensar no próximo como uma pessoa e que pode muito bem virar o jogo e estar com a situação nas mãos, amanhã, pois quem sabe do futuro é Deus.

Também, se não foi legítima defesa, pois para ela se concretizar deveria haver, no mínimo ameaça de lesão física e não lesão de ego, o que foi então a cena que meu amigo e eu assistimos em frente à Padaria Zum Zum??? Ainda, recém me curando do trauma do choque de ter participado de alguma forma para o fato narrado, seguindo pela mesma avenida vjo um caminhão guincho do DETRAN-RS trafegando em via pública pela contramão. Ora, senhoras e senhores, onde está a moral de quem dirige um caminhão como aquele senhor naquela noite? Ainda por cima com o caminhão guincho! Meu amigo até comentou: “é pena não ter uma máquina fotográfica”. Realmente, pois se estivesse portando a minha teria tirado várias fotos de dois espetáculos naquela noite. Um espetáculo foi da polícia o outro foi do motorista do DETRAN que anda contramão.

Gostaria de explicações, ainda, a respeito da palavra “porco”. O que será que isso significa aos brigadianos? Pensem comigo e s conseguirem achar uma resposta, agradeceria imensamente!

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