domingo, 12 de maio de 2013

Deixa, mas não me deixa.



Qualquer coisa, deixa. Deixa essa tua velha mania de ter segurança em tudo e atire-se na minha insegurança. Deleite-se na minha falta de controle, na minha linha cheia de curvas chamada vida. Deite ao meu lado em um domingo nublado e fale-me sobre teus planos, enquanto eu mexo nos teus cabelos. Joga videogame comigo. Deixa eu te ensinar a fazer gol, a pilotar um carro de fórmula um ou a matar zumbis. Brinca de ser feliz comigo. Deixa isso acontecer. Deixa eu ser teu amigo, teu confidente, teu estúpido amor, teu amante apaixonado. Deixa essa tua vida às tontas e encontra a minha que anda tonta por aí, nos bares da cidade, nas ruelas escuras, nas avenidas movimentadas, procurando o movimento do teu corpo, do nosso atrito, dos nossos beijos, das nossas línguas ainda secas. Deixa essa felicidade superficial e deixa eu tentar te mostrar o mundo mais colorido. Deixa eu te fazer cócegas e te fazer rir e te fazer o bem e te fazer melhor e te fazer carinho e te fazer amor. Não sejas implicante com o destino, se é que acreditas nisso. Não sejas irredutível com a tua opinião formulada entre cálculos matemáticos e réguas. Nada é exato. As coisas tendem. A minha tendência é deixar o meu eu ser teu. Deixa o teu eu ser meu? Qualquer coisa, deixa, mas não me deixa.