domingo, 30 de agosto de 2009

RED


De repente a mão começa a acariciar uma região mais sensível do corpo e os beijos tendem a demonstrar o desejo de possuir a pessoa em um lugar onde possam ficar a sós. A língua explora um pescoço assanhado que se dobra, abrindo mais espaço para a sensação de prazer. Boca beijando um pescoço. Suspiros de tesão tomam conta do momento e nada faz sentido – e também não tem sentido algo fazer sentido neste momento.

Agora, a boca beija a boca de novo em movimentos mais rápidos e demonstrando cada vez mais explicitamente desejo, o tesão. As mãos estão explorando o espaço quase que inteiro do corpo, provocando arrepios e gemidos mais fortes. Os olhos não se abrem. Os movimentos avançam automaticamente pelo corpo denotando o apetite sexual dos dois.

As roupas tendem ao estorvo, pois naquela hora os dois não queriam estar vestindo nada além da capa de prazer que os cercavam. Mas, não era o momento para tirá-las e nem o lugar ideal. O legítimo “amasso” estava acontecendo e nada, nem ninguém poderia acabar com aquele momento. Ela o segurava de um jeito possessivo e ele explorava cada vez mais seu corpo pequeno – menor que o dele – com suas mãos.

Então, numa atitude de completo desejo, ele começa a arranhar as costas dela e os gemidos continuam. Ele se ajoelha e beija sua barriga, sua cintura, roça a barba na pele sensível da mulher que gemia de prazer e de tesão. Ironias surgem – te odeio – obviamente que tudo é mentira. Eles se adoram ou, pelo menos, estavam se adorando naquele momento.

Eles se separam. Ele vai até a cozinha pegar um copo d’água para repor o fôlego. Aproveita a separação e acende um cigarro. Ela deita no sofá de olhos fechados, talvez, o esperando, talvez, descansando, porém, creio na idéia de que ela estava esperando os beijos recomeçarem. O que não tarda a acontecer.

De repente, com a cama pronta os dois vão se deitar. Despidos de qualquer roupa e pudor e com os beijos cada vez mais ardentes, o suor aparece nos corpos ardentes e sedentos por sexo. A exploração sexual já tem novos aliados, pois antes eram as mãos que o faziam, agora, a boca realiza esta tarefa.

Os corpos em atrito. A boca na boca. A boca... Os gemidos. As arranhadas. As posições. O sexo. As pessoas. As brincadeiras no meio do ato, fazendo os dois rir. Os olhos se olhando fixamente. O cheiro toma conta do espaço, que não é grande. Não houve gritos, nem movimentos fortes, pois a cama fazia barulho. As risadas fazem parte do contexto. Os dois são divertidos até mesmo na hora do sexo

E foi quando tudo terminou. As posições. Os gemidos. O atrito. Os movimentos. Os arranhões. Os dois se deitam na cama, no leito do prazer, no lugar onde o sexo dos dois foi libertado por numa atitude recíproca de desejo. Desejo do corpo em cima do outro. Desejo da carne.

Ela se vira de costas e ele se encaixa, tentando dormir abraçado, mas o calor dos corpos, ainda, suados e do quarto não deixava que isso acontecesse. O romantismo dos dois era notável naquele momento, mesmo não estando abraçados. E foi, então, que o dia mostrou seus primeiros raios de sol. E foi assim naquela noite. Na noite dos dois.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Rapidinha II

Será que o Eduardo Suplicy, realmente, quebrou uma regra do Senado por trocar seu discurso já preparado por cobranças de explicações ao Senador José Sarney?? Diz o bigodudo, que imita o Olívio Dutra - aliás a única diferença física entre Olívio Dutra e José Sarney é que Sarney tem a cabeça chata, podendo descansar um copo em sua cabeça - que sim, que Suplicy quebrou uma regra do Senado.

Ora, quanta bobagem esses políticos discutem. Se Eduardo Suplicy quebrou regra, o quê o Sarney fez? Além do mais, e os outros que cometeram crimes de corrupção? Aff!

Realmente, quebrar regras é trocar discurso, roubar não... É COSTUME!

Brasil de inocentes? Não conheço este país!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dúvida


De quê me adianta ter esperanças,
Se quando eu quero nada acontece?
De quê me adianta ter fé,
Se rezo, agradeço e peço a Deus todos os dias e ele se nega a me atender?
De quê me adianta ser filho da santa?
Talvez fosse melhor ser filho da outra.
De quê me adianta acreditar num mundo melhor,
Se sou acomodado?
De quê me adianta ter amigos,
Se quando eu não quero acabo sempre sendo criticado?
De quê me adianta ser sincero,
Se acabo sempre sozinho?
De quê me adianta ser romântico,
Se os bonzinhos sempre se f...?
De quê me adianta falar,
Se no olhar eu já falo tudo o que tenho a dizer?
De quê me adianta brigar,
Se com diplomacia tudo posso conseguir?
De quê me adianta estar com sono,
Se na noite tudo acontece?
De quê me adianta estar acordado,
Se estou sozinho?
De quê me adianta estudar,
Se o nosso Presidente não estudou?
De quê me adianta ter religião,
Se nada está provado?
De quê me adianta amar as pessoas,
Se um dia elas vão morrer?
De quê me adianta ter sonhos,
Se não posso realizá-los agora?
De quê me adianta sofrer,
Se tudo é... E pronto!
De quê me adianta resgatar o passado,
Se já passou?
De quê me adianta apaixonar-me,
Se um dia tudo acaba?
De quê me adianta o carnaval,
Se na quarta – feira tudo volta ao normal?
De quê me adianta os cabelos,
Se posso ficar careca?
De quê me adianta a pele,
Se vou apodrecer?
De quê me adianta os olhos,
Se muitas coisas não posso ver?
De quê me adianta a boca,
Se a tua boca não posso beijar?
De quê me adianta a inteligência,
Se tenho de calar-me várias vezes?
De quê me adianta a revolta,
Se faço parte do sistema?
De quê me adianta um sistema,
Se está falido?
De quê me adianta chorar,
Se o que está consumado, assim, ficará?
De quê me adianta rir,
Se não será, assim, para sempre?
De quê me adianta a comédia,
Se a vida é um drama?
De quê me adianta o sexo,
Se quem eu quero comer nunca me daria?
De quê me adianta o erotismo,
Se não tenho ninguém, agora, para tocar?
De quê me adianta estar namorando,
Se sou inconstante?
De quê me adianta estar solteiro,
Se sou inconstante?
De quê me adianta cheirar,
Se o teu cheiro eu não sinto?
De quê me adianta te chamar,
Se tu não vens?
De quê me adianta a saudade,
Se ela só me faz sofrer?
De quê me adianta beber,
Se o problema continuará de qualquer forma?
De quê me adianta fumar,
Se causa doenças?
De quê me adianta ser assim,
Se, às vezes, não consigo ser eu mesmo?
De quê me adianta escrever,
Se ninguém entenderá?
De quê me adianta fazer entender-me,
Se não poderão ajudar-me?

"Acusada" de Morte


Era uma noite agradável de junho. Não estava frio, porém a lareira do prostíbulo estava com o fogo aceso, fazendo com o que seus clientes se sentissem mais quentes do que já estavam. Mulheres bonitas desfilavam no salão da casa com roupas íntimas e gargalhavam entre cachimbadas de homens poderosos e outros nem tanto.

Alguns “amigos” da dona da casa noturna jogavam roletas, outros pôquer e outros apenas bebiam com suas acompanhantes do prazer. O coronel Inocêncio Machado chegou ao local por volta das 23 horas e procurou sua amiga de infância, Nara Silva, dona da casa. Para ele, foi separada a melhor dançarina e menina mais nova. Ninguém a tinha “traçado” ainda. Ela era a virgenzinha do prazer.

Silvana Canabarro usaria nome falso para seduzir os homens que iriam procurá-la. Uma menina de vinte e quatro anos, com uma boa família, porém, não aceitavam seu romance com um pedreiro que estava fazendo obras em sua casa. Para atingir seus pais de uma maneira com que eles ficassem desolados, ela decidiu se prostituir e foi procurar a Dona Nara.

A cafetina deu abrigo, comida, roupas e um anel de ouro, para a menina poder fazer charme para outros homens e com isso ganhar mais presentes, fazendo uma espécie de ciúme e intriga de um para outro. “Jogo de quem está no ramo há muito tempo”, dizia Dona Nara à menina. Sua protetora e, desde já, fiel empresária, a disse que lhe apresentaria somente para um homem que considerava amigo, este, logo, era o Coronel Inocêncio.

_ Coronel, que bons ventos o trazem? Diz Nara.
_ Uma boa briga com a patroa, responde o Coronel. Um homem sisudo, com bigode. Aposentado do exército, gasta seu dinheiro com mulheres da casa de Dona Nara.
_ Então, para alegrar-se um pouco, vou lhe apresentar a menina mais nova da casa e, a meu ver, a melhor.
_ “Vamo” lá Narinha! Quero ter prazer essa noite, já que lá em casa o único que tenho é quando estou longe, mesmo. Ironiza o Coronel.
_ Coronel, esta é Alzira Safadinha. Dizia Nara ao Coronel, apresentando a menina, recém chegada.
_ Muito prazer, Alzira! Sabe... Venho aqui há anos, sem ninguém saber, óbvio, e nunca vi ninguém com sua beleza e carisma.
_ Muito obrigada, Coronel.
_ Bom, vou deixar os pombinhos conversarem uns minutos a sós. Quer beber alguma coisa Coronel? Posso pedir para o garçom servir duas doses de seu whisky favorito?
_ Claro, Narinha! Pode sim, mas não quero duas doses... Quero três, duas em um copo e uma em outro. Meu bebê não pode beber muito essa noite. Ele tem que tomar mamadeira antes de dormir e criança que bebe muito faz xixi na cama, não é mesmo, gracinha? Dizia o Coronel, fazendo referência á menina e a acariciando a bochecha, como as avós fazem nas crianças.

Durante algumas horas, o coronel acariciou a mocinha. Mexeu nos cabelos, acariciou o rosto, apalpou suas coxas, alisou suas costas, tocou na barriga dela e cada vez que o coronel fazia isso, a cada território no corpo da menina que era explorado, o velho, com seus sessenta e oito anos, ficava mais animado e excitado. Ele fazia o tipo sem vergonha. Sua esposa sabia de suas traições, mas não falava nada contra, pois necessitava de seu dinheiro, já que seus pais, irmão e todo mundo da família dela já havia falecido.

Enquanto sua esposa telefonava para o celular do esposo, supostamente, desaparecido, ele caía na gandaia, tomando doses e mais doses de whisky dezoito anos e o mais caro que a Dona Nara poderia oferecer. Já havia dado duzentos reais à sua menina e mais cem reais à dona da casa por ter apresentado a menina para ele. Também, prometeu jóias e mais jóias à Alzira Safadinha.

Era duas horas da manhã e o Coronel, cheio de pose, já estava bêbado. Suas guardas estavam baixas e qualquer pessoa com maldade poderia lhe tirar algum “dim dim”. Apesar de ele estar quase “pedindo para sair” o velho não parava de beber. A moça não bebia mais, segundo ela, duas doses são mais que suficiente.

Algum tempo depois, o Coronel, cambaleando, foi ao banheiro com uns remedinhos na mão e um copo de whisky na outra. Depois de meia hora o Seu Inocêncio volta ao salão e diz para a moça que está na hora deles ficarem a sós para terem um contato mais quente. A moça não gostou da idéia, mas pensou que era só abrir as pernas e fingir um orgasmo de prazer.

Ela entra no quarto e deita na cama, enquanto ele fecha a porta e tenta, desesperadamente, tirar a roupa. Mesmo depois de certo tempo, o Coronel continuava bêbado. Inocêncio, sem roupa, mostrando sua barriga em estado deplorável, e a cicatriz de uma cirurgia de apêndice, se deita na cama e começa a bagunça carnal.

Pernas peludas de um lado, pernas lisas e delicadas por outro. Mãos grosas em uma parte do corpo, mãos delicadas em outro. Gemidos grossos e em tons graves. Gemidos finos, delicados e agudos, claro, esses eram dela, ou seja, tudo mentira. Ela estava odiando fazer sexo com aquele velho. O hálito desagradável de álcool de Inocêncio espalhou-se por todo o quarto, em menos de cinco minutos. Ele tomou a iniciativa sempre. Não a deixou ser dominadora.

O velho fazia força com seus movimentos sexuais, até porque, a menina tinha “pique”, diferente do Coronel aposentado e cheio de medalhas. Porém, mesmo assim, o velho não se deixava abater e fazia o melhor que podia, quando, de repente, o velho cai por cima da menina. Achando que ele teria terminado com a “festinha”, a menina tentou “acorda-lo”, porém, após alguns minutos ela se deu conta de que o velho estava morto. Gritando, então, Alzira Safadinha pede socorro. Suas colegas e a própria dona do prostíbulo batem na porta do quarto.

Alzira atendeu com uma cara de espanto e sai gritando pelo corredor: _O Coronel morreu! O Coronel morreu! Pronto! A cagada estava feita. Dona Nara telefonou para o hospital mais próximo para providenciar a ambulância para levar o corpo. Enquanto a dona da casa providenciava esses assuntos, as meninas apavoradas foram ao quarto velar o corpo. Em questão de minutos, encheram a cama em que ele estava deitado de flores. Viraram o defunto para que ele fique com a barriga para cima.

O problema de o morto ficar de barriga para cima, é que ele, minutos antes de morrer, tomara Viagra, o comprimido da felicidade, que no caso do Coronel se tornou eterna. Então, como deixar um cadáver, de barriga para cima, pelado e com uma “vela” acesa? Não podia.

A ambulância demorava a chegar e as meninas com um terço, rezavam, ajoelhadas ao lado da cama em que tudo aconteceu. Alzira estava na cozinha, chorando, desolada. Sentia-se culpada pelo que acontecera. De repente, a ambulância chega. Carrega o morto e o leva ao hospital, acabando com aquela noite inesquecível para Alzira e todas as outras meninas da casa.

Depois disso, Alzira voltou a usar seu nome e retornou à sua casa para ter uma vida feliz e agradável. Sem coronéis. Sem cafetinas. Apenas, com sua família que lia no jornal local a morte do Coronel Inocêncio e comentava: _”Que horror! Quem deve ter sido a sem vergonha que matou o Coronel? Coitado! Tão bonzinho!”

domingo, 2 de agosto de 2009

Ornella


Ornella que encanta. Como Ornella, só ela.
Ornella que vai pra janela
Esperar flores de alguém,
Mas que esse alguém seja como ela.

Ornella, apaixonada, intensa, viva!
Uma menina com alma de mulher e corpo de mar.
Uma mulher amante a amada.
Alguém que sai á rua e sente o cheiro doce do ar.

Ornella que desce as ruelas da cidade
E pensa pensamentos românticos
Com clareza e realidade
Uma mulher sem exigir luxo e esbanjando simplicidade.

Ornella: romântica;
Ornella: querida;
Ornella, que não pensa na semântica das palavras,
Mas apenas sabe que a vida tem de ser vivida.

Amante, mulher, apaixonante ser.
Amada menina, cúmplice de um amor exuberante.
Raivosa, ser humano, que erra e aprende, errando, a viver.
Ornella: linda, sincera, honesta, elegante.

Ornella: uma amiga.
Ornella: uma esposa;
Ornella, que rima com ela, janela,
Aquela, passarela, aquarela.

Aquarela de cores, de flores e de dores.
Aquarela de sentimentos, paixões, segredos.
Um punhado de mar, céu e amores.
Ornela: uma mulher sem dissabores.